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Geralmente, quando ouvimos falar em queimadas, logo pensamos em algo negativo para a natureza, já que o fogo destrói com facilidade os biomas, matando espécies vegetais e animais, além de supostamente prejudicar o solo. Mas, nem todos sabem que existe um tipo de incêndio florestal, planejado e controlado, que pode beneficiar o meio-ambiente.

Em relação ao cerrado, que ocupa 22% do Brasil, uma pesquisa recente comprovou os benefícios do fogo para este bioma. O estudo foi realizado pela pesquisadora Giselda Durigan, professora das universidades estaduais Paulista (Unesp) e de Campinas (Unicamp). Ela, que vem analisando o cerrado há mais de 30 anos, esclarece suas descobertas em entrevista concedida ao site da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). "Com o tempo, a vegetação típica se torna densa, cada vez mais cheia de árvores, e começa a virar uma floresta. Isso gera sombra no solo, matando a maioria das plantas do cerrado, que não sobrevivem a essa condição", comenta a especialista em relação à desconfiguração do bioma, que vem ocorrendo de forma rápida no país.

Ainda de acordo com a professora, a destruição do cerrado é irreversível, se levarmos em conta os meios naturais, mas pode ser contido, para evitar que cause prejuízo a áreas maiores.

A transformação do cerrado em floresta pode ser impedida com a intervenção humana, por meio de queimadas, desde que exista um planejamento. Giselda Durigan argumenta que, na Estação Ecológica de Santa Bárbara, no interior de São Paulo, onde seu estudo foi realizado, as queimadas planejadas estão gerando bons resultados, sem prejudicar a fauna e flora desse importante bioma brasileiro.

A pesquisadora lembra que o manejo com o fogo é uma técnica antiga, porém, ainda muito útil para o meio-ambiente. "Todo mundo acha que fogo é 'do mal' quando se trata de áreas de mata, mas ele é necessário, desde que seja manejado. Isto é um consenso entre os pesquisadores de savanas. Temos que reaprender a manejar o fogo como os indígenas já faziam há milhares de anos", afirma a professora da Unesp e da Unicamp.


Fonte: Revista Encontro