Com a chegada do inverno, começamos a perceber uma mudança gradual nas temperaturas e, à medida que massas de ar muito frias conseguem avançar pelo Brasil, efeitos negativos passam a ser sentidos em várias atividades agrícolas. Dependendo do cultivo, a ocorrência de baixas temperaturas pode comprometer completamente a produção devido aos danos causados nas estruturas celulares das plantas, ou pelo alongamento dos ciclos.
As baixas temperaturas afetam a produção em dois momentos distintos: durante o desenvolvimento vegetativo e durante o estádio reprodutivo, visto que culturas agrícolas necessitam de um número específico de acúmulo termal para completar determinados estádios fenológicos. E, em função da ocorrência de temperaturas abaixo do normal, a planta demora mais para atingir essa soma térmica necessária, o que pode prejudicar seu pleno desenvolvimento.
Os efeitos indesejáveis da temperatura fora do range indicado para as culturas afeta não só o desenvolvimento da planta já estabelecida, mas podem começar até mesmo na semeadura. Baixas temperaturas do solo promovem o congelamento dos tecidos das sementes, inibindo a germinação uniforme, causando graves problemas de população e estande de plantas.
Para culturas de inverno, isso pode ser um problema. Felizmente, o Brasil não apresenta essa estação do ano tão rigorosa a ponto de termos grandes problemas com temperaturas muito baixas no solo. Mesmo assim, o cultivo de pastagens de inverno, especialmente no Sul do Brasil, precisa ter atenção a esse importante detalhe.
Um exemplo interessante desse aspecto foi o atraso da semeadura do milho americano. Atrasos de até trinta dias foram verificados em algumas regiões produtoras, o que causou certa apreensão no mercado, uma vez que, à medida que se atrasava o semeio, encurtava-se a janela ideal de cultivo do cereal.
A ocorrência de baixas temperaturas também desempenha papel fundamental no estádio reprodutivo das culturas. Em culturas com inflorescência, baixas temperaturas do ar podem causar a esterilidade das flores. Nessas situações, o fechamento dos estigmas é o principal efeito causado, impedindo que ocorra a fecundação das flores, aumentando, assim, o abortamento.
Geadas
Uma preocupação muito grande com a chegada do inverno sempre é a ocorrência de geadas. No final da segunda safra de milho, podem prejudicar de forma significativa a produção. Isso acontece, porque ocorre o congelamento de estruturas das folhas, impedindo que o enchimento dos grãos se dê de forma satisfatória, pois todo o metabolismo da planta é afetado. Dependendo da intensidade do evento, a geada pode causar até mesmo a morte dos tecidos vegetais.
Outra cultura que sofre os impactos da geada é o café. Em plantas jovens, cujas copas não cobrem todo o tronco da planta, surge o efeito chamado de “geada de canela”, o que pode gerar inclusive a perda da planta. Outra situação que causa preocupação para os cafeicultores é quando o evento severo atinge uma área com frutos ainda verdes: nesses casos, um efeito conhecido é a perda da qualidade do produto e, consequentemente, a queda no preço da produção, conhecida como “café geado”.
Fonte: Syngenta Digital