Quando a primeira estrada brasileira foi inaugurada, os presentes ficaram maravilhados com a velocidade que a pista proporcionava. Em 1861, D. Pedro II e uma grande comitiva percorreram o vistoso caminho de Petrópolis a Juiz de Fora. As diligências cruzaram a estrada recém inaugurada à fantástica velocidade de 20 quilômetros por hora.
As rodovias propriamente ditas só chegaram ao Brasil muitos anos depois. Na década de 20, o então governador de São Paulo, Washington Luís, já dizia uma frase que se tornaria famosa: "governar é abrir estradas".
No tempo da Colônia haviam caminhos bastante precários, caminhos de índios e de padres. A coisa era bastante rústica. Se a gente pensar em rodovia propriamente dita, nós temos que pensar em Washington Luis, quando ele assume o governo do estado de São Paulo, na década de 20. Surgem duas grandes estradas que foram modelos para todas as outras, a estrada de Campinas e a estrada de Itu, que se ligavam a capital do estado, São Paulo."
A primeira rodovia pavimentada ligava o Rio de Janeiro a Petrópolis e foi inaugurada em 1928, quando Washington Luís já era presidente. Esse trecho hoje faz parte da BR 040, que liga o Rio de Janeiro a Belo Horizonte.
Mas a explosão do desenvolvimento rodoviário aconteceu somente nas décadas de 40 e 50. O governo de Juscelino Kubitschek adotou com toda a força o lema de Washington Luís, como explica o consultor da área de transportes da Câmara, Rodrigo Borges.
"A partir da década de 50 com o advento das fábricas de automóveis e do automóvel propriamente dito, a prioridade que foi dada pelo governo do Brasil foi para a expansão da malha rodoviária, inclusive com aquele lema "governar é construir estradas".
A fundação de Petrobrás e a criação de impostos destinados à construção de estradas também deram impulso às rodovias. Mas um fato foi definitivo para o vigor rodoviário: o próprio carro, que se desenvolvia cada vez mais. Os brasileiros também foram seduzidos por essa mobilidade. O transporte ferroviário andava prejudicado com a falta de investimentos, e nesse contexto, o carro e o caminhão foram assumindo mais importância para a vida brasileira.
Mas o período de poucos investimentos também haveria de chegar para as rodovias. Na década de 70, os recursos se tornaram escassos e a conseqüência natural foi a degradação das estradas, como detalha o professor da USP, Jorge Pimentel Cintra.
"No momento das prioridades, o que acontece? Acaba a estrada ficando em segundo lugar. Por que estrada não cai. Cai ponte, cai edifício. Estrada, se faz mal, deixa esburacando, o pessoal passa mais devagar, assim vai. Houve nesse meio tempo na década de 70, a Transamazônica, aquele grande sonho de rodovia de integração de todo país. E é necessário, agora fazendo com que verba e como?"
De acordo com a Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, a malha rodoviária brasileira tem hoje pouco mais de 1 milhão e 744 mil quilômetros, incluídas as rodovias federais, estaduais e municipais. Desse número, apenas 164 mil quilômetros estão pavimentados. A falta de um fluxo contínuo de investimentos originou uma situação que se tornou comum para os brasileiros: rodovias perigosas, repletas de buracos e mal sinalizadas.
Fonte: www.camara.leg.br